Qual a diferença entre risco e vulnerabilidade social?

Sociologicamente, nossa sociedade está dividida em uma série de grupos, que podem ser classificados de acordo com as mais diversas categorias. Pode-se dizer que os grupos marginalizados dentro da sociedade são aqueles que estão excluídos dos benefícios e direitos de um cidadão comum e que são obrigados a viver na margem, muitas vezes em condições de risco, colocando-os em um estado chamado de vulnerabilidade social. Mas você sabe qual a diferença entre risco e vulnerabilidade social? Descubra um pouco mais sobre esses conceitos.

Vulnerabilidade Social

O termo “vulnerabilidade social” é um conceito que caracteriza os grupos menos favorecidos, que vivem sem os direitos e benefícios comuns ao cidadão. Em sua maioria são grupos de classes sociais mais pobres que têm que enfrentar situações de desnutrição, falta de saneamento, moradias inadequadas, sem qualquer tipo recursos ou assistência escassa.

Esse é um processo que começou há muitos anos e acabou sendo herdado pela sociedade atual, que trabalha a discriminação de certos grupos e os mantém um nível de exclusão onde eles não possuem acesso a uma educação de qualidade e condições de saúde aceitáveis, geralmente decorrente do impacto de crises econômicas, catástrofes ou até mesmo descaso e falta de comprometimento das autoridades.

Se somarmos o impacto negativo que as crises econômicas trazem juntamente com a precariedade de órgãos estaduais em atender às regiões e pessoas mais necessitadas, podemos ver os graves sintomas que essa condição ocasiona nesses grupos sociais e que acabam formando uma zona de risco e quadros de vulnerabilidade que podem, muitas vezes, se estender por gerações.

Risco Social

Uma vez definido o conceito de vulnerabilidade, o risco social passa a existir a partir do momento que essas situações sociais e econômicas que deixam o indivíduo vulnerável se agravam, acabam sendo violados ou rompidos.

Pode-se dizer que os dois conceitos se conectam e se complementam, já que o risco é mais um agravador ou medidor do nível de vulnerabilidade que o grupo se encontra. E justamente para que todos esses fatores envolvidos possam ser identificados de maneira correta, existem alguns tipos de indicadores que compreendem um conjunto de aspectos familiares e individuais a serem analisados, permitindo uma identificação maior sobre áreas que estariam em risco social.

Para que possamos combater essa condição e diminuir os riscos para essa parcela da população, é importante que seja realizado um trabalho social de qualidade, com os recursos adequados. A curto prazo, melhorias como saneamento básico e coisas mais simples podem ajudar. Mas acredita-se que, a médio e longo prazo, uma das melhores opções seria o investimento na educação de qualidade, o que aumentaria a escolaridade da população e colocaria profissionais melhores no mercado, oferecendo empregos de mais qualidade para que esses jovens tenham condições melhores aos olhos dos indicadores. Além disso, o investimento dos órgãos públicos através de recursos e opções para que essas pessoas tenham uma moradia melhor e até mesmo um saneamento básico pode ser o ponto inicial para reduzir as zonas de risco e até diminuir a vulnerabilidade desses grupos em nossa sociedade.

Entenda a importância das relações sociais para a vida das crianças

Todos nós nascemos como uma página em branco, inseridos em um universo desconhecido e que aos poucos deve ser desbravado. Através das relações sociais temos as bases para entender quem somos e também para compreender o mundo em que estamos. Esta construção acontece na relação com o outro, nos significados e valores aprendidos e ensinados.

A relações sociais propiciam desenvolvimento

Durante a sua infância, a criança constrói os relacionamentos com aqueles que estão ao seu redor e por meio das práticas cotidianas apresente o seu papel no mundo. Observando e compartilhando com o outro, o mundo ganha significado. Por isso a importância de serem continuamente estimulados ao desenvolvimento cognitivo, físico e psicológico.

Nas relações sociais as crianças encontram oportunidades de criar laços e se apagar, seja a família, aos amigos ou mesmo a um personagem. Eles precisam de aconchego e segurança para aprender, gostar e desenvolver. Compreende-se que a vida é feita de pedaços compostos pelas lembranças e pelas vivências, tristes ou felizes. Elas constituem e ajudam a formar quem nós somos e quem as crianças serão um dia.

Quando as crianças estão inseridas para a vida em conjunto em grupos ou em amizades pares, elas desenvolvem porque passam a conhecer e conquistar habilidades sociais até então adormecidas. O entendimento das normas e dos processos em voga nas relações sociais criam os caminhos que ensinam as relações interpessoais. A criança só vai saber a importância da verdade, das escolhas e da gentileza, por exemplo, se tiver experiências e orientações, elas precisam experimentar situações.

O direito às relações sociais positivas

O direito das crianças às relações sociais foi formalizado no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, publicado em 2006 pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). O objetivo é atender ao que está disposto, mas não especificado no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.

Este documento aponta que a criança é o resultado de suas relações sociais através do relacionamento com a família e com a comunidade em que está inserida. O interessante é que o documento destaca que todas devem ser assistidas, mesmo aquelas que estejam em risco social e pessoal. Sejam aquelas que tenham uma estrutura de vida ou aquelas que estão à margem da sociedade, ambas têm o mesmo direito ao desenvolvimento físico, social e cultural através das relações sociais.

A compreensão precisa conduzida, não imposta

Ao pensar em atividade e ações para o desenvolvimento da criança é preciso buscar práticas que possam articular as experiências e os saberes adquiridos. Assim, aos poucos elas passam a compreender o que é cultural, científico, tecnológico, artístico. As relações sociais solidificam as abstrações que são apreendidas, mas não significadas. Por isso, elas precisam do apego e do aconchego para aprender e construir identidade.

A interação e as relações sociais têm que ser respeitosas e com limites, mas saudáveis e responsáveis. A criança aos poucos transforma aquilo que ela não compreende em uma prática de significação que enriquece a vida e desenvolve amor próprio. Respeita-las também é um caminho a seguir.

Como as relações sociais podem ser benéficas para a nossa saúde?

Quando se fala em manter um estilo de visa saudável muitas pautas surgem na conversa: alimentação balanceada, exercícios físicos, exames periódicos, saúde mental, entre outros.

É fato que todos esses temas possuem alguma relação que contribui para o panorama geral de uma boa vida; entretanto, algo pouco mencionado é a importância das relações sociais para a saúde de cada indivíduo.

A sociologia apontou o humano como ser social e que, por isso, precisa estabelecer relações com outros seres sociais e compartilhar espaços de convivência comum. Além disso, recentemente, diversas pesquisas na área da psicologia revelaram que o isolamento social pode colocar a saúde em risco e diminuir a expectativa de vida.

As descobertas feitas apontam que há benefícios para a saúde em manter relações saudáveis e estar inserido plenamente em ambientes sociais. Ademais, como resultado, o isolamento, a marginalização social, relacionamentos tóxicos e outras questões que impedem ou precarizam as interações sociais, afetam a saúde e diminuem a expectativa de vida.

Trajetória de vida, regulamento de emoções e comportamentos

Segundo uma pesquisa publicada no American Psychologist, as interações sociais, principalmente os relacionamentos íntimos, ditam a forma como cada indivíduo lida com as suas emoções e regula os seus comportamentos.

Além disso, a possibilidade de se beneficiar do apoio social concedido por seus pares é uma importante fonte de reconhecimento e, por fim, contribui para o sucesso em todas as outras áreas da vida.

A mesma pesquisa também aponta o peso da influência das interações sociais na trajetória de vida de cada pessoa. Isso inclui as formas de alimentação, os propósitos de vida definidos, valores pessoais adotados e a tolerância ao uso de álcool e drogas, por exemplo.

A forma de lidar com emoções, o benefício de saber onde busca apoio social, o estilo de vida difundido entre as pessoas do grupo familiar e todas as outras questões abordadas na pesquisa influenciam a saúde no longo prazo. Por isso, os relacionamentos e as outras interações sociais menos íntimas desempenham um importante papel na saúde individual.

Tolerância à dor e ao estresse

Pessoas que possuem relacionamentos sólidos e interações sociais positivas, sabem que há pessoas com quem podem contar e obtêm apoio de seus familiares, amigos e parceiros são mais resistentes às situações de estresse. Foi o que apontou uma pesquisa divulgada no Journal of Personality and Social Psychology.

Além disso, as taxas de estresse e a ocorrência de infecções também se apresentam em números menores nas pessoas que podem contar com o apoio dos seus parceiros, mesmo que o apoio seja apenas verbal.

A resiliência emocional também é beneficiada, pois essas pessoas tendem a lidar com desafios inesperados e problemas práticos do dia a dia de forma mais tranquila. As pessoas que possuem interações sociais frágeis tendem a serem afetadas por imprevistos de uma forma mais intensa, o que poderia provocar danos à saúde quando se torna uma exposição diária.

Por fim, o isolamento pode diminuir as expectativas de vida, especialmente no caso das pessoas idosas, e tornar o desenvolvimento de diversas doenças mais facilitado devido às baixas do sistema imunológico.