Chico Buarque é o que muitos chamam hoje de artista multimídia. Cantor, compositor, escritor, dramaturgo, além de bastante ativo na política. Esse carioca nascido em 1944 é um dos maiores nomes da música popular brasileira.
Recentemente, Chico teve grande destaque na sua carreira como escritor, ao ser reconhecido com o Prêmio Camões 2019, um dos maiores da literatura de língua portuguesa.
Vamos conhecer um pouco mais sobre a história e carreira de Chico Buarque e ver como sua obra influenciou e continua influenciando várias gerações de brasileiros.
Primeiros passos
Filho de Sérgio Buarque de Hollanda, um importante historiador e sociólogo, e de Maria Amélia Cesário Alvim, uma pianista amadora, Chico é o quarto dos sete filhos do casal. A música sempre esteve presente na vida do menino, já que a casa era ponto de encontro de vários artistas, entre eles Vinícius de Moraes.
Na adolescência, compôs suas primeiras canções, que eram marchinhas de carnaval e pequenas óperas. Aos 15 anos, fez sua primeira composição, “Canção dos Olhos”, em 1959. No ano de 1964, gravou sua primeira música, “Marcha para o Sol”.
Nessa época, em 1963, Chico Buarque entrou para o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), mas largou dois anos mais tarde para se dedicar à carreira artística.
Sucesso e ditadura
Chico começou a ganhar destaque no cenário nacional ao participar dos festivais de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record na época. A canção “A Banda”, interpretada por Nara Leão, ganhou o primeiro lugar no festival de 1966, empatada com a música “Disparada”.
Nos anos seguintes, fez sucesso com “Roda Viva”, cantada pelo próprio Chico junto com o grupo MPB4, e com “Sabiá”, canção vencedora do 3º Festival Internacional da Canção, em parceria com Tom Jobim.
Com o advento da ditadura militar no Brasil, em 1964, Chico Buarque foi um dos maiores críticos ao regime. Ele teve várias de suas músicas censuradas, a primeira delas foi “Tamandaré” e chegou a ser levado para o DOPS.
Entre 1969 e 1970, passou um período auto exilado em Roma, para se afastar das represálias mais violentas. Para driblar a censura, chegou até a adotar o pseudônimo Julinho da Adelaide durante um tempo, mas usou todo o seu brilhantismo e inteligência em suas composições.
Duas de suas obras mais notáveis, “Cálice” e “Apesar de Você”, contém críticas veladas à ditadura militar e também chegaram a ser censuradas.
Artista completo
Chico se interessou por literatura desde jovem e publicou suas primeiras crônicas no jornal do Colégio Santa Cruz. Em 1967, trabalhou como ator no filme “Garota de Ipanema” e publicou sua primeira peça de teatro no ano seguinte, “Roda Viva”.
Outras das suas obras teatrais mais conhecidas são Calabar, Gota d’Água e Ópera do Malandro. Chico também publicou vários livros, entre os mais famosos estão:
– “Estorvo”, primeiro romance;
– “Benjamim”;
– “Budapeste”;
– “Leite Derramado”;
– “O Irmão Alemão”;
– “Essa Gente”.
Como escritor, ganhou três prêmios Jabuti e o Prêmio Camões, único músico a ter essa conquista na história da premiação.