Quem não se lembra daquela famosa frase “Cada mergulho é um flash”? A frase fez muito sucesso e não se diferencia do que vivemos nos últimos tempos, onde a fotografia tem ficado em evidência. Tudo é motivo para dar aquele click. Em nossas mãos, celulares que eternizam momentos, histórias e sentimentos. Entre as dez belas-artes do mundo, a fotografia ocupa a oitava posição. Mas de que forma podemos perceber essa relação entre arte e fotografia?

A primeira imagem fotográfica foi feita em 1826, pelo francês Joseph Nicéphore Niépce, e retratava a vista da janela de sua casa. Hoje em dia qualquer pessoa pode ter acesso a uma câmera fotográfica, mas poucos conseguem exprimir a beleza da imagem.

O fotógrafo profissional tem conhecimento e habilidades com as técnicas, diferentemente do fotógrafo amador. Mas nem todo profissional pode produzir uma foto artística. A fotografia tem um poder de transmitir emoção, conhecimento, informação, etc. Ela se subdivide em foto retrato, documental, jornalística, publicitária e artística.

A fotografia retrato, por exemplo, destaca o rosto, como as do tipo 3×4. A documental busca desvendar um momento histórico. Já o fotojornalismo, transmite uma informação. E a foto publicitária tem como objetivo vender algo. Mas é na fotografia artística que a arte entra em cena, pois ela retrata a vida nua, transmitindo emoção e sensações para quem a observa. Requer ousadia e liberdade do profissional.

Antes de entender essa relação entre fotografia e arte é preciso pensar na definição e conceito da arte em si. A palavra “arte” em latim significa técnica, habilidade ou capacidade para fazer alguma coisa. Está também relacionada com a estética e precisa ser agradável aos sentidos humanos. A arte extrai sentimentos, sensações e estimula uma discussão crítica que varia de acordo com o tempo e espaço.

“A ciência descreve as coisas como são; a arte descreve-as como são sentidas, como se sente que são. O essencial na arte é exprimir; o que se exprime não interessa”. A frase de Fernando Pessoa representa a identidade da fotografia: uma união entre ciência e arte. Ela representa parte da realidade, pois retrata um momento que existiu e, ao mesmo tempo, carrega emoções e sentimentos, como a arte.

Durante uma entrevista, em 1997, o historiador Ernest Gombrich defendeu que o uso da tecnologia também pode ser denominada arte, dependendo do uso que é dado. Em consideração ao pensamento de Gombrich, da mesma forma, a fotografia, em primeiro momento, é uma ferramenta tecnológica, que dependendo da forma como é trabalhada pode ser usada como expressão da arte em si.

E como na arte, a fotografia lida com a estética, com a valorização da beleza em si. Ela retrata momentos da vida, evidencia situações históricas e busca causar fruição. Para dor ou para o amor. Nela, a cultura é manifestada, ideias são difundidas e a imaginação entra em vigor. Cabe ao autor desenhar o seu ponto de vista, posicionar no ângulo desejado, criando e construindo a sua identidade.

O fotógrafo tem profundidade teórica de como posicionar luz, cor, harmonizar, mas a criação vai além da técnica. E é nesse momento que a arte se relaciona e sua estética pode despertar o sentimento de quem a observa. Muitos podem ter o equipamento fotográfico, mas poucos sabem fotografar de maneira harmônica e artística. Poucos são os que se aprofundam em um universo chamado arte.