Para falar da inclusão de pessoas surdas as primeiras palavras fundamentais são Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Sim, se você deseja contribuir com a inclusão de pessoas surdas, o primeiro passo é aprender a língua brasileira de sinais, que é a língua deles. Só assim você conseguirá se comunicar com a maioria dos surdos.
Depois disso, é necessário lutar pela inclusão da língua destas pessoas nos mais diversos espaços públicos – já existem leis garantindo esse direito, porém ainda não vemos isso com frequência na nossa realidade. A tendência é que surdos fiquem isolados em comunidades de surdos, tendo pouco êxito quando precisam sair delas e interagir com ouvintes.
Neste texto, vamos examinar melhor alguns pontos importantes sobre a inclusão de pessoas surdas. Continue lendo!
Diferenças entre LIBRAS e Português
Não somos habituados a pensar sobre isso, mas LIBRAS e Português são línguas bastante diferentes entre si. Enquanto que o Português é uma língua oral, a LIBRAS, inteiramente visual, tem sua gramática constituída de gestos e expressões corporais e faciais. Ela é expressão do jeito do surdo compreender o mundo: a visão é seu sentido mais importante, enquanto que nos ouvintes ela disputa essa importância com a audição, que engendra a oralidade.
Como aprendemos muita coisa só de ouvido, é difícil para quem é ouvinte entender as dificuldades da pessoa surda, que não reage a certos estímulos como o barulho da campainha, do telefone ou do grito de alguém, nem compreende o que alguém fala para ela.
Aí está por que muitos surdos não conseguem aprender português: a maioria deles não foi estimulada desde cedo, gerando um grande atraso na aquisição da linguagem, da habilidade de se comunicar e de muitas informações fornecidas pelo ambiente. Assim, muitas dessas pessoas também não foram preparadas desde cedo para comunicar as próprias necessidades, mesmo em LIBRAS.
Portanto, é importante desfazer o mito da pessoa surda como incapaz ou menos capaz de aprender – se for corretamente estimulada, visualmente, a maioria delas se sairá muito bem nessa tarefa, e conseguirá lutar pelo seu lugar no mundo como qualquer um de nós.
Outro mito a ser esclarecido é que nem todo surdo é mudo – por não ouvirem sons, elas simplesmente não desenvolveram a fala, mas nada em seu aparelho fonador impede isso. Portanto, o termo “surdo-mudo” para se referir a elas não é adequado.
Como ajudar o surdo
1. Procure conversar tanto quanto possa com seu amigo surdo, mesmo que só saiba LIBRAS num nível básico – você e ele estarão treinando habilidades de comunicação, e você dará a ele chance de mostrar sua visão de mundo, necessidades, desejos e personalidade, o que é essencial para a criação de autoconfiança nele;
2. Estimule a participação dele em grupos de surdos. Ele estará entre iguais, que têm a LIBRAS como primeira língua, o que também ajudará na autoconfiança dele;
3. Sempre peça a presença de um intérprete e tradutor em eventos, palestras, escolas e universidades;
4. Observe se a escola em que você vai matricular seu filho tem surdos ocupando diferentes cargos, para que em diferentes níveis se compreenda como ele vê o mundo;
5. Busque sempre recursos que integrem LIBRAS e Português, como livros, sites, materiais didáticos, jogos, etc. Eles ainda não são muito fáceis de encontrar, mas existem!
6. Estude a Lei n. 10.436/2002 (reconhecimento da LIBRAS como língua oficial dos surdos), o Decreto Federal n. 5625/2005 (que regulamenta a lei anterior), a Lei n. 12.319 de 2010 (regulamentação da profissão de intérprete e tradutor de LIBRAS) e a lei n. 10.098/2000 (normas e critérios para garantia da acessibilidade) para conhecer os direitos dos surdos.