Vida e obra de Radamés Gnattali

Radamés Gnattali é um nome fundamental na música brasileira. Compositor, maestro, orquestrador e arranjador de formação clássica; influenciou profundamente a música popular brasileira com seus arranjos e concepções, através de sua onipresença na direção musical da Rádio Nacional — o maior divulgador musical do Brasil no começo do Século 20.

Suas composições, tanto nos campos eruditos, quanto populares foram cruciais para preencher a lacuna entre a elite intelectual e o povo — um objetivo que perseguiu durante toda a sua vida. No artigo a seguir, você vai conhecer mais sobre a vida de Radamés Gnattali e vai descobrir como a sua obra influenciou, e influencia até os dias atuais, o destino da música brasileira.

Boa leitura!

Os primeiros anos

Tanto o pai, quanto a mãe de Radamés Gnattali eram músicos, o que fez com que ele iniciasse seu aprendizado musical ainda aos seis anos com sua mãe. Essa educação musical precoce o levou a tocar violino cedo — que aprendeu com sua prima Olga Fossati. Aos nove anos, foi condecorado pelo cônsul italiano depois de conduzir uma orquestra infantil com seus próprios arranjos.

Aos 14 anos, já tocava cavaquinho e violão e iniciava seus estudos com Guilherme Fontainha. Aos 16 anos, trabalhava no Cine Colombo, acompanhando filmes mudos. Seu desejo era ser um pianista de concerto, mas seus pais não tinham meios para prover seu treinamento e ele precisou dar aulas particulares em seu tempo livre.

Mas o desejo de aprender e desenvolver seu talento musical eram imensos. Em 1923, terminou seus estudos com honras e decidiu ir para o Rio. Lá, grandes artistas e maestros como Ernesto Nazareth e Mario de Andrade viram o talento de Radamés Gnattali e o convidaram a fazer apresentações, que fizeram com que seu nome ficasse conhecido no cenário musical.

Grandes apresentações e composições premiadas

Em 1929, o mestre Guilherme Fontainha convidou Radamés para se apresentar no maior panteão da música clássica do Rio de Janeiro, o Teatro Municipal, onde teve o apoio da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, conduzida por Francisco Braga. Nesse período, ele já tinha um grande número de composições, eruditas e populares.

Em 1932, tornou-se arranjador de sessões e pianista na Rádio Clube do Brasil, estreando com seus choros “Espritado” e “Urbano”, sob o pseudônimo Vero (adotado em todas as suas peças populares). Como pianista, acompanhou Bidu Sayão em 1934, no mesmo ano em que seu “Concerto No. 1 para Piano e Orquestra” foi dirigido por Henrique Spedini, tendo o próprio Gnattali como solista.

Naquela década, ele também trabalhou para Rádios Mayrink Veiga, Gazeta, Cajuti e Transmissora. Orlando Silva, precursor do jeito coloquial de cantar — mais tarde reutilizado por João Gilberto, o primeiro a gravar música brasileira com uma orquestra sinfônica — pediu a Gnattali que escrevesse os arranjos para ele. A associação produziu suas obras mais vendidas.

Em 1938, apresentou outras composições eruditas na Escola Nacional de Música e no ano seguinte foi convidado para a Feira Mundial de Nova York, juntamente com os populares compositores Pixinguinha, Donga e João da Baiana e os eruditos Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri.

Também em 1939, Ary Barroso apresentou seu espetáculo Joujoux et Balangandans no Teatro Municipal, com as orquestras da Rádio Mayrink Veiga e da Rádio Nacional, conduzidas por Gnattali. O imensamente bem-sucedido hino não-oficial “Aquarela do Brasil” foi modificado por Gnattali, que colocou em cinco segundos cinco saxes tocando o tema do contador, originando a introdução clássica de todos os tempos.

Últimos trabalhos

Gnattali continuou nas paradas de sucesso e nos teatros por mais 40 anos. Em 1968, o músico foi contratado pela Rede Globo, onde trabalhou como compositor / orquestrador, por 11 anos. Também compôs as trilhas sonoras de vários filmes, entre eles Bonitinha, Mas Ordinária; Eles Não Usam Black-Tie, o Perdoa-me por me Traíres e outros.

Em 1983, recebeu o Prêmio Shell como artista erudito em uma cerimônia no Teatro Municipal, ocasião em que apresentou seu “Concerto Seresteiro No. 3” para piano, orquestra e “regional” (Camerata Carioca). Ele continuou sua carreira extremamente ativa até que teve um derrame cerebral um ano antes de sua morte, em 1988.


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Afinal, o que é arranjo musical?

Vida e obra de Lobo de Mesquita

Mulato, filho do português José Lobo de Mesquita com sua escrava Joaquina Emerenciana, José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita teve uma enorme importância para a música colonial mineira no século XVIII.

A afirmação de Geraldo Dutra de Moraes é única informação a respeito da data de nascimento de Lobo de Mesquita. Segundo ele, o artista teria nascido em 12 de outubro de 1746 em Serro, Minas Gerais. No entanto, a data e local nunca foram confirmados por meio de documentos oficiais, apesar de terem sido disseminados como informações verdadeiras em diversos livros, discos e meios de comunicação.

Compositor, organista, maestro e professor especialista em Música Sacra, Lobo de Mesquita ganhou a vida tocando, compondo e regendo orquestras em eventos oficiais durante o período imperial em Minas Gerais. Seu nome aparece em um livro de pagamento da Câmara do Serro como um dos músicos que trabalharam nas festas reais e no livro de despesas da Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Principais Composições

Críticos responsáveis pela recuperação das obras e história de Lobo de Mesquita calculam que ele tenha cerca de 500 composições. No entanto, apenas 90 dessas obras sobreviveram ao tempo. Entre as composições de autoria confirmada, estão as obras referidas a seguir.

Em 1778, Lobo de Mesquita compôs o Ofício e Missa da quarta-feira de cinzas para SATB. Estima-se que as Matinas de Quinta-feira Santa e a Antífona Mariana Regina Coeli Laetare tenham sido compostas em 1779. Cerca de três anos depois, em 1782, compôs o Ofício, Paixão e Missa do Domingo de Ramos.

Em 1783, Lobo de Mesquita compôs Tratos, Missa e Vésperas de Sábado Santo, além de Tercio. E em 1787, compôs a Antífona Mariana Salve Regina. A Ladainha de Nossa Senhora pode ter sido composta em 1798. O Ofício e Missa de Defuntos também é datado de1798. O responsório Cum Transisset para as Matinas de Domingo da Ressurreição tem data estimada de 1803.

Alguns Trabalhos

A maioria de seus trabalhos está relacionado com ordens religiosas de Minas Gerais. Em 26 de dezembro de 1774, ele atuou como regente na cerimônia do Corpo de Deus, realizada no Serro. Em 1776, tocou nas festas do Senado e no ano seguinte, assinou contrato para compor músicas para o velório do rei José I de Portugal e para a cerimônia matrimonial do príncipe Dom José. Ainda em 1776, Lobo de Mesquita recebeu pagamento da Irmandade do Santíssimo Sacramento por tocar aos domingos e na Semana Santa.

Entre 1783 e 1784, ajudou a construir o Órgão da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Diamantina, onde tocou órgão até 1798. Também foi organista da Ordem Terceira do Carmo de Diamantina entre 1787 a 1795, aproximadamente.

Apesar de seu forte vínculo com a Música Sacra, Lobo Mesquita também atuou como juiz, escrivão e tesoureiro para diversas organizações religiosas de Minas Gerais. Em 1801, foi contratado pela Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro, onde prestou serviços até seu falecimento.

Estilo e Contexto Histórico

Considerado por muitos musicólogos como o compositor que melhor sintetizou as características do Barroco mineiro em suas obras, Lobo de Mesquita oscilou suas composições em dois estilos. Enquanto suas obras escritas para coro eram marcadas pelo estilo Barroco, as obras escritas para vozes e instrumentos carregam um traço mais moderno, marcadas por uma melodia Classicista e com forte influência da música italiana.

Para Pires (1994), as obras de Lobo de mesquita são exemplos de uma não-ruptura entre o Barroco e o Classicismo no campo da música religiosa.


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Vida e obra de João de Deus Castro Lobo

6 compositores brasileiros que você precisa conhecer

Não há dúvidas de que a música brasileira está entre as melhores do mundo. Passando por inúmeros ritmos, desde o popular até o erudito, podemos encontrar grandes nomes que marcaram história e que merecem ser reverenciados por sua contribuição à nossa música. Sendo assim, hoje você vai conhecer 6 compositores brasileiros que todo apaixonado por música deve ouvir. Confira!

1. Pixinguinha (1897-1973)

Um compositor que merece lugar de destaque na música brasileira é Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido mundialmente como Pixinguinha. Nascido no Rio de Janeiro, o também instrumentista, maestro e arranjador é considerado um dos principais representantes do choro, bem como um dos maiores músicos brasileiros.

Além de “Carinhoso”, composição listada entre as mais importantes da nossa música, Pixinguinha nos deixou muitas outras pérolas, como “Rosa”, “Ingênuo”, “Naquele Tempo” e “Um a Zero”.

2. Luiz Gonzaga (1912-1989)

Falar de música brasileira sem citar o sanfoneiro Luiz Gonzaga é praticamente impossível. Conhecido como o “Rei do Baião”, o pernambucano também contribuiu imensamente para a popularização de outros ritmos nordestinos, como o xote e o xaxado.

Em sua carreira, Gonzaga fez diversas parcerias, das quais nasceram muitas canções inesquecíveis. Foi com o advogado Humberto Teixeira, por exemplo, que compôs “Asa Branca”, verdadeiro hino do nordeste brasileiro. Além desta, merecem ser citadas “Assum Preto”, “Luar do Sertão”, “Olha pro Céu” e “Xote das Meninas”.

3. Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

Para se ter uma ideia da riqueza musical produzida no Brasil, basta citar o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos, hoje considerado um dos precursores da música clássica nacional e um dos maiores compositores da nossa história.

A beleza das composições do músico carioca se deve a uma peculiaridade interessante: a mistura de sons eruditos com ritmos típicos brasileiros. Foi dessa brilhante junção que nasceram as peças magníficas e originais, hoje executadas em grandes teatros internacionais.

Vale a pena citar, dentre as grandes obras de Villa-Lobos, a série de suítes “Bachianas Brasileiras”, das quais se destaca “O Trenzinho do Caipira”.

4. Cartola (1908-1980)

Nascido no Rio de Janeiro, o cantor e compositor Angenor de Oliveira, o Cartola, é considerado por muitos, o maior sambista brasileiro. O título é mais do que merecido, já que o músico compôs belos sambas que se tornaram verdadeiros clássicos, dentre os quais podemos citar “As Rosas não Falam”, “O Mundo é um Moinho”, “Minha”, “Alvorada” e “Corra e Olhe o Céu”.

Cartola, que foi um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, teve seus sambas interpretados por grandes cantores nacionais, como Elizeth Cardoso, Carmem Miranda, Araci de Almeida e Francisco Alves.

5. Noel Rosa (1910-1937)

Apesar de ter vivido apenas vinte e sete anos, Noel Rosa, conhecido como Poeta da Vila, compôs mais de trezentas músicas. Além disso, teve um papel fundamental na popularização do samba produzido nos morros e favelas, levando-o também para as rádios.
“Com que Roupa?” é uma das canções mais famosas do compositor, mas outras merecem igual destaque por sua beleza, como “Último Desejo”, “Fita Amarela”, “Feitiço da Vila” e “Conversa de Botequim”.

6. Chico Buarque (1944)

Para fechar essa lista com chave de ouro, nada mais justo do que citar o carioca Chico Buarque de Holanda, autor de algumas das mais belas canções brasileiras de todos os tempos. Algumas delas são: “Beatriz”, “Eu Te Amo”, “Vai Passar”, “Cálice” e “Roda Viva”.
Além das músicas que compôs sozinho, Chico Buarque fez inúmeras parcerias com outros grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim, Edu Lobo, Francis Hime, Vinícius de Moraes e Milton Nascimento.


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