Vida e obra de José Maurício Nunes Garcia

Os séculos XVIII e XIX são marcados por profundas transformações políticas e sociais no país. Essas mudanças iriam influenciar a vida cultural da população de forma intensa. O padre, músico, compositor e professor José Maurício Nunes Garcia, vivenciou a transição dos séculos e expressou em sua obra muito daquilo que o Brasil enfrentava. É sobre a sua vida e obra que vamos abordar nesse texto!

Primeiros anos do padre José Maurício

Nascido no Rio de Janeiro, em setembro de 1767, o padre veio de uma família pobre e descendente de escravos. Ainda muito cedo, quando tinha apenas seis anos de idade, perdeu o pai. A sua família, no entanto, não mediu esforços para garantir que o músico recebesse uma educação consistente. Uma das formas de se fazer isso foi por meio da carreira na Igreja Católica.

Desde criança, José Maurício Nunes Garcia já demonstrava talento artístico. Ainda menino, passou a fazer aulas particulares com o professor Salvador José de Almeida Faria, um músico mineiro. O talento do garoto mostrou resultados aos 16 anos, quando compôs sua primeira peça, denominada Tota pulchra es Maria – um cântico sacro. No ano seguinte, participou da fundação da Irmandade de Santa Cecília e, por causa da boa instrução musical que possuía, passou a ministrar aulas de música.

O ensino da música seria marcante em sua vida. Em 1792, José Maurício Nunes Garcia é ordenado padre e, tempos depois, torna-se mestre de capela da então Catedral do Rio de Janeiro. Na época, o cargo alcançado pelo padre era o mais alto entre os músicos brasileiros – o que revelava o seu talento musical.

Auge da carreira artística

O músico já costumava compor peças sacras antes mesmo de ser ordenado padre. Ao assumir a função de mestre de capela, porém, passou a dirigir as apresentações das missas e a compor novas peças. O louvor alcançado em suas obras fez com que o padre se tornasse muito requisitado para escrever peças para cerimônias, que não estavam no calendário oficial da Catedral. Algumas encomendas, por exemplo, foram solicitadas pelo Senado da Câmara. Como exemplo, temos as obras Requiem e Matinas de Natal.

A estimativa é que o compositor tenha escrito mais de 200 obras, a maioria destinada às celebrações religiosas. A chegada da família real ao Brasil, em 1808, traria novas dimensões para a sua carreira artística. O primeiro contato com a família real aconteceu na celebração de agradecimento pela boa viagem, com a apresentação de um Te Deum – um hino de exaltação a Deus. O então príncipe-regente, Dom João VI, se entusiasmou com as obras de José Maurício e o nomearia, futuramente, mestre da Capela Real.

A partir de então, o músico mesclou seu estilo com as novidades trazidas pela Coroa Portuguesa. Algumas das principais obras do autor, nesse período foram: Missa de Nossa Senhora da Conceição (composta para dezembro de 1810); Requiem (para o funeral da rainha Dona Maria I); Missa de Santa Cecília e Missa de Nossa Senhora do Carmo.

Talento deixado pelo compositor

Nem tudo são flores na vida do compositor. O brilho artístico de José Maurício Nunes Garcia despertou rivalidades no setor musical, principalmente com a vinda do compositor português Marcos Portugal para o Brasil. Além disso, a volta da família real para Portugal trouxe empobrecimento cultural para o Rio de Janeiro – o padre teve que lidar com a crise econômica pela qual o Brasil passava e as péssimas condições de saúde que enfrentava.

Foi nesse momento que José Maurício Nunes Garcia viu sua vida financeira decair. Apesar disso, o artista é considerado uma das maiores expressões da música erudita no país. Ele morreu em 1830, mas suas obras jamais foram esquecidas. Tanto é que o artista figura entre os patronos da Academia Brasileira de Música.


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Mariana Botelho – Depoimento

Vida e obra de Lobo de Mesquita

Mulato, filho do português José Lobo de Mesquita com sua escrava Joaquina Emerenciana, José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita teve uma enorme importância para a música colonial mineira no século XVIII.

A afirmação de Geraldo Dutra de Moraes é única informação a respeito da data de nascimento de Lobo de Mesquita. Segundo ele, o artista teria nascido em 12 de outubro de 1746 em Serro, Minas Gerais. No entanto, a data e local nunca foram confirmados por meio de documentos oficiais, apesar de terem sido disseminados como informações verdadeiras em diversos livros, discos e meios de comunicação.

Compositor, organista, maestro e professor especialista em Música Sacra, Lobo de Mesquita ganhou a vida tocando, compondo e regendo orquestras em eventos oficiais durante o período imperial em Minas Gerais. Seu nome aparece em um livro de pagamento da Câmara do Serro como um dos músicos que trabalharam nas festas reais e no livro de despesas da Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Principais Composições

Críticos responsáveis pela recuperação das obras e história de Lobo de Mesquita calculam que ele tenha cerca de 500 composições. No entanto, apenas 90 dessas obras sobreviveram ao tempo. Entre as composições de autoria confirmada, estão as obras referidas a seguir.

Em 1778, Lobo de Mesquita compôs o Ofício e Missa da quarta-feira de cinzas para SATB. Estima-se que as Matinas de Quinta-feira Santa e a Antífona Mariana Regina Coeli Laetare tenham sido compostas em 1779. Cerca de três anos depois, em 1782, compôs o Ofício, Paixão e Missa do Domingo de Ramos.

Em 1783, Lobo de Mesquita compôs Tratos, Missa e Vésperas de Sábado Santo, além de Tercio. E em 1787, compôs a Antífona Mariana Salve Regina. A Ladainha de Nossa Senhora pode ter sido composta em 1798. O Ofício e Missa de Defuntos também é datado de1798. O responsório Cum Transisset para as Matinas de Domingo da Ressurreição tem data estimada de 1803.

Alguns Trabalhos

A maioria de seus trabalhos está relacionado com ordens religiosas de Minas Gerais. Em 26 de dezembro de 1774, ele atuou como regente na cerimônia do Corpo de Deus, realizada no Serro. Em 1776, tocou nas festas do Senado e no ano seguinte, assinou contrato para compor músicas para o velório do rei José I de Portugal e para a cerimônia matrimonial do príncipe Dom José. Ainda em 1776, Lobo de Mesquita recebeu pagamento da Irmandade do Santíssimo Sacramento por tocar aos domingos e na Semana Santa.

Entre 1783 e 1784, ajudou a construir o Órgão da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Diamantina, onde tocou órgão até 1798. Também foi organista da Ordem Terceira do Carmo de Diamantina entre 1787 a 1795, aproximadamente.

Apesar de seu forte vínculo com a Música Sacra, Lobo Mesquita também atuou como juiz, escrivão e tesoureiro para diversas organizações religiosas de Minas Gerais. Em 1801, foi contratado pela Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro, onde prestou serviços até seu falecimento.

Estilo e Contexto Histórico

Considerado por muitos musicólogos como o compositor que melhor sintetizou as características do Barroco mineiro em suas obras, Lobo de Mesquita oscilou suas composições em dois estilos. Enquanto suas obras escritas para coro eram marcadas pelo estilo Barroco, as obras escritas para vozes e instrumentos carregam um traço mais moderno, marcadas por uma melodia Classicista e com forte influência da música italiana.

Para Pires (1994), as obras de Lobo de mesquita são exemplos de uma não-ruptura entre o Barroco e o Classicismo no campo da música religiosa.


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Vida e obra de João de Deus Castro Lobo