Vida e obra de Milton Nascimento

Dono de uma trajetória que marcou a Música Popular Brasileira, o compositor, intérprete e instrumentista Milton Nascimento, também conhecido pelo apelido de Bituca, teve sua infância marcada por episódios tristes. Nascido no dia 26 de outubro de 1946, no Rio de Janeiro, ele não tem sobrenome paterno no registro – o pai abandonou sua mãe, a doméstica Maria do Carmo Nascimento, ainda grávida.

Apesar dos esforços para criar o filho sozinha, Maria do Carmo Nascimento morreu quando o filho ainda tinha dois anos, com depressão e vítima de tuberculose. Foi então que Milton passou a ser cuidado pela avó, que trabalhava para a família da professora de música Lília Silva Campos, uma mulher recém-casada e com dificuldades para engravidar.

Lília, que convivia com Milton, se apegou a ele e o pediu em adoção. A avó, então, decidiu entregar o menino, desde que seu nome de batismo não fosse alterado e ela pudesse receber a visita dele. Assim, Milton Nascimento ganhava uma nova família e uma nova cidade do coração: Três Pontas, em Minas Gerais, para onde se mudou após ser adotado.

Milton Nascimento tem mais dois irmãos, ambos adotados por Lília e seu marido, o então bancário, professor de matemática e funcionário de uma rádio em Três Pontas, Josino de Brito Campos.

A música

Criado em um ambiente musical, Milton Nascimento aprendeu na infância a tocar sanfona de dois baixos. Ainda jovem, criou um grupo musical ao lado de Wagner Tiso, com quem passou a morar em Alfenas, também em Minas Gerais, e a participar da banda W’s Boys.

No início dos anos 1960, mudou-se para Belo Horizonte e, novamente com Tiso, criou o conjunto Holiday – com essa banda gravaram um compacto duplo assinado pela Dex Discos. Nessa mesma época, conhece Paulinho Braga, com quem atua no Berimbau Trio, e Marilton Borges, com quem dá início ao Evolussamba – com este último grupo, passa a frequentar a residência da família Borges, onde conhece Lô Borges, Fernando Brant e Beto Guedes, seus futuros companheiros do lendário Clube da Esquina.

Carreira

Já totalmente dedicado à carreira como músico, Milton Nascimento viaja para São Paulo, em 1966, onde se destaca com o quarto lugar no 2º Festival da MPB da TV Excelsior, ao interpretar Cidade Vazia, de Baden Powell e Lula Freire. Na mesma época, conhece Elis Regina e Agostinho dos Santos.

Em 1967, após brilhar em concursos musicais, grava seu primeiro disco, “Travessia”, acompanhado do Tamba Trio. Em 1969, lança os LPs “Courage” e “Milton Nascimento”. Já na década de 1970, lança os volumes “Milton”, e “Clube da Esquina”, em 1972, que marca o início do movimento homônimo que coloca Minas Gerais em destaque na MPB e tem a participação de Lô Borges. Em 1978, o Clube da Esquina ganha seu segundo disco.

Consagrado como um dos maiores nomes da MPB e reconhecido mundialmente, Milton Nascimento gravou mais de 30 discos ao longo de sua trajetória e é o autor de algumas das mais famosas canções brasileiras, como “Coração de Estudante” e “Maria Maria”. Sua carreira ficou marcada também por parcerias, como as estabelecidas com Gilberto Gil, em 2000, que resultou no disco “Gil e Milton: Um Encontro Histórico”; e com Caetano Veloso, em 2005, para a produção da trilha sonora do filme “O Coronel e o Lobisomen”. É um admirador de Elis Regina e, em 2002, gravou com a filha dela, Maria Rita, o disco Pietá.


Se você gostou deste post:

– SIGA as nossas páginas nas redes sociais para acompanhar as nossas atualizações: estamos no Facebook, no Instagram, no LinkedIn, no X e no YouTube!

– CONHEÇA o trabalho da Sociedade Artística Brasileira (SABRA) e todas as iniciativas culturais e sociais que ela mantém. Acesse nosso site!

– ENTRE EM CONTATO com a gente. E veja quais são as opções de ajuda na manutenção de nossas ações sociais e culturais. Basta acessar nossa página Doe Agora!

– COMPARTILHE este texto nas suas redes sociais e ajude os seus amigos a também dominarem o assunto!

– Os projetos da @sabrabrasil são realizados com o patrocínio máster: @institutounimedbh, viabilizado pelo incentivo de mais de 5,7 mil médicos cooperados e colaboradores via Lei de Incentivo à Cultura – @culturagovbr

Curiosidades incríveis sobre a música brasileira

Vida e obra de César Guerra-Peixe

Infância e início dos estudos

Fluminense nascido em 1914, César Guerra-Peixe, compositor, violinista, regente e arranjador, é uma importante figura do cenário musical brasileiro. Sua cidade natal é Petrópolis, no Rio de Janeiro. Foi lá que ele começou seus estudos na música, na Escola de Música Santa Cecília. Junto ao professor Gao Omacht, formou-se em violino aos 16 anos. Nessa época, ele também compôs sua peça inaugural, “Otilia” e começou a escrever arranjos musicais a partir de então.

Anos depois, já em 1932, César decide se matricular no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, na capital, dando continuidade aos seus estudos de violino. Dois anos mais tarde, em 1934, o músico decide se mudar para o Rio, onde também passa a ter aulas de composição e instrumentação no Conservatório Brasileiro de Música, pelo qual se forma compositor em 1943.

Surgimento e consolidação da carreira musical

É durante esse período, na capital fluminense, que César Guerra-Peixe começa a consolidar sua carreira musical. Exercendo a função de orquestrador na Rádio Tupi, Guerra-Peixe apresenta sua primeira composição sinfônica. Algum tempo depois, enquanto fazia parte do grupo Música Viva, ele compõe a “Sinfonia nº1”, obra dodecafônica tocada pela Orquestra da BBC de Londres, o que gerou reconhecimento internacional a sua carreira.

No ano de 1953, Guerra-Peixe muda-se para São Paulo, trabalhando com o renomado professor Rossini Tavares de Lima e compondo obras como a “Suíte Sinfônica nº1 “Paulista”” e a “Suíte Sinfônica nº2 “Pernambucana””, além do “Ponteado” e o “Pequeno Concerto para piano e orquestra”. Fez pesquisas por cidades do interior paulista, prestando atenção em ritmos populares como o jongo, as modas de viola, os sambas rurais e as congadas.

Foi chamado pelo maestro alemão Hermann Scherchen para residir na Suíça, porém ele preferiu declinar o convite para trabalhar em uma rádio pernambucana, o que fez com que acabasse tendo mais contato com os temas folclóricos nordestinos. Nesse período de profissão na rádio veio a escrita do livro “Maracatus do Recife”, que foi publicado em 1955.

Outro fato importante de se destacar é que o músico também teve proeminência na área do cinema. Ao longo de sua carreira, compôs trilhas sonoras para filmes como por exemplo “O Canto do Mar” (1953), de Alberto Cavalcanti, “Batalha dos Guararapes” (1978), de Paulo Thiago, e “Terra é sempre Terra” (1950), de Tom Payne, entre outras.

De volta ao Rio de Janeiro, em 1962, tornou-se violinista da Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC. Nesse período, Guerra-Peixe tornou-se também professor de composição musical. No ano de 1968, criou a Escola de Música Popular do Museu de Imagem e do Som do Rio de Janeiro – ele deu aula para alunos que posteriormente passariam a ter destaque no cenário da música brasileira, como Baden Powell, Formiga, Sivuca, Jorge Antunes e Rildo Hora.

Guerra-Peixe passou a atuar profissionalmente como arranjador em várias rádios e emissoras de TV, como a TV Tupi, TV Globo, TV Paulista e Rádio Nacional. Fez também o arranjo da música “Pra frente, Brasil” para a seleção brasileira na Copa de 1970. Um ano depois, em 1971, foi eleito para a Academia Brasileira de Música.

Por ter tido uma obra extensa e renomada, César Guerra-Peixe recebeu prêmios de reconhecimento ao longo de sua carreira, destacando-se entre eles o Prêmio Golfinho de Ouro, do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (1978), o Prêmio Shell (1986) e o Prêmio Nacional de Música, do Ministério da Cultura, consagrando-o em 1993 como o “maior compositor brasileiro vivo”.


Se você gostou deste post:

– SIGA as nossas páginas nas redes sociais para acompanhar as nossas atualizações: estamos no Facebook, no Instagram, no LinkedIn, no X e no YouTube!

– CONHEÇA o trabalho da Sociedade Artística Brasileira (SABRA) e todas as iniciativas culturais e sociais que ela mantém. Acesse nosso site!

– ENTRE EM CONTATO com a gente. E veja quais são as opções de ajuda na manutenção de nossas ações sociais e culturais. Basta acessar nossa página Doe Agora!

– COMPARTILHE este texto nas suas redes sociais e ajude os seus amigos a também dominarem o assunto!

– Os projetos da @sabrabrasil são realizados com o patrocínio máster: @institutounimedbh, viabilizado pelo incentivo de mais de 5,7 mil médicos cooperados e colaboradores via Lei de Incentivo à Cultura – @culturagovbr

Mulheres na música: x instrumentistas brasileiras que você precisa conhecer

Vida e obra de José Maurício Nunes Garcia

Os séculos XVIII e XIX são marcados por profundas transformações políticas e sociais no país. Essas mudanças iriam influenciar a vida cultural da população de forma intensa. O padre, músico, compositor e professor José Maurício Nunes Garcia, vivenciou a transição dos séculos e expressou em sua obra muito daquilo que o Brasil enfrentava. É sobre a sua vida e obra que vamos abordar nesse texto!

Primeiros anos do padre José Maurício

Nascido no Rio de Janeiro, em setembro de 1767, o padre veio de uma família pobre e descendente de escravos. Ainda muito cedo, quando tinha apenas seis anos de idade, perdeu o pai. A sua família, no entanto, não mediu esforços para garantir que o músico recebesse uma educação consistente. Uma das formas de se fazer isso foi por meio da carreira na Igreja Católica.

Desde criança, José Maurício Nunes Garcia já demonstrava talento artístico. Ainda menino, passou a fazer aulas particulares com o professor Salvador José de Almeida Faria, um músico mineiro. O talento do garoto mostrou resultados aos 16 anos, quando compôs sua primeira peça, denominada Tota pulchra es Maria – um cântico sacro. No ano seguinte, participou da fundação da Irmandade de Santa Cecília e, por causa da boa instrução musical que possuía, passou a ministrar aulas de música.

O ensino da música seria marcante em sua vida. Em 1792, José Maurício Nunes Garcia é ordenado padre e, tempos depois, torna-se mestre de capela da então Catedral do Rio de Janeiro. Na época, o cargo alcançado pelo padre era o mais alto entre os músicos brasileiros – o que revelava o seu talento musical.

Auge da carreira artística

O músico já costumava compor peças sacras antes mesmo de ser ordenado padre. Ao assumir a função de mestre de capela, porém, passou a dirigir as apresentações das missas e a compor novas peças. O louvor alcançado em suas obras fez com que o padre se tornasse muito requisitado para escrever peças para cerimônias, que não estavam no calendário oficial da Catedral. Algumas encomendas, por exemplo, foram solicitadas pelo Senado da Câmara. Como exemplo, temos as obras Requiem e Matinas de Natal.

A estimativa é que o compositor tenha escrito mais de 200 obras, a maioria destinada às celebrações religiosas. A chegada da família real ao Brasil, em 1808, traria novas dimensões para a sua carreira artística. O primeiro contato com a família real aconteceu na celebração de agradecimento pela boa viagem, com a apresentação de um Te Deum – um hino de exaltação a Deus. O então príncipe-regente, Dom João VI, se entusiasmou com as obras de José Maurício e o nomearia, futuramente, mestre da Capela Real.

A partir de então, o músico mesclou seu estilo com as novidades trazidas pela Coroa Portuguesa. Algumas das principais obras do autor, nesse período foram: Missa de Nossa Senhora da Conceição (composta para dezembro de 1810); Requiem (para o funeral da rainha Dona Maria I); Missa de Santa Cecília e Missa de Nossa Senhora do Carmo.

Talento deixado pelo compositor

Nem tudo são flores na vida do compositor. O brilho artístico de José Maurício Nunes Garcia despertou rivalidades no setor musical, principalmente com a vinda do compositor português Marcos Portugal para o Brasil. Além disso, a volta da família real para Portugal trouxe empobrecimento cultural para o Rio de Janeiro – o padre teve que lidar com a crise econômica pela qual o Brasil passava e as péssimas condições de saúde que enfrentava.

Foi nesse momento que José Maurício Nunes Garcia viu sua vida financeira decair. Apesar disso, o artista é considerado uma das maiores expressões da música erudita no país. Ele morreu em 1830, mas suas obras jamais foram esquecidas. Tanto é que o artista figura entre os patronos da Academia Brasileira de Música.


Se você gostou deste post:

– SIGA as nossas páginas nas redes sociais para acompanhar as nossas atualizações: estamos no Facebook, no Instagram, no LinkedIn, no X e no YouTube!

– CONHEÇA o trabalho da Sociedade Artística Brasileira (SABRA) e todas as iniciativas culturais e sociais que ela mantém. Acesse nosso site!

– ENTRE EM CONTATO com a gente. E veja quais são as opções de ajuda na manutenção de nossas ações sociais e culturais. Basta acessar nossa página Doe Agora!

– COMPARTILHE este texto nas suas redes sociais e ajude os seus amigos a também dominarem o assunto!

– Os projetos da @sabrabrasil são realizados com o patrocínio máster: @institutounimedbh, viabilizado pelo incentivo de mais de 5,7 mil médicos cooperados e colaboradores via Lei de Incentivo à Cultura – @culturagovbr

Mariana Botelho – Depoimento