Vida e obra de Marcos Coelho Neto (pai e filho)

Tem gente que afirma, com categoria, que talento corre na veia. Pois bem! Essa é a realidade dos músicos Marcos Coelho Neto. Um era o pai e o outro era o filho. O mais inusitado dessa história é que os dois tinham o mesmo nome. Vamos conhecer um pouco das duas expressões artísticas e suas relações com a música!

Quem foi o pai Marcos Coelho Neto?

Marcos Coelho Neto pai, nasceu entre os anos de 1740 e 1746, em Vila Rica, onde hoje é a cidade de Ouro Preto (MG). Ele era ex-escravo e um grandioso trompetista. Também tocava clarim, um instrumento de sopro que se assemelha ao formato do trompete, e timbales, espécie de tambores.

O pai Coelho Neto, fazia parte da irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, para a qual atuava como compositor e regente. A dedicação à música erudita e sacra fazia com que o pai alcançasse prestígio e respeito junto à sociedade.

O trabalho erudito nas irmandades

Não há muitos registros a respeito de como o pai Coelho Neto, deixou a escravidão, mas o mais provável é que tenha sido por meio das irmandades. Como os ensaios consumiam grande parte da rotina diária dos escravos, eles acabavam se tornando exclusivos dessas irmandades.

Além da Irmandade do Santíssimo Sacramento, Marcos Coelho Neto integrou as irmandades Nossa Senhora das Mercês e São José dos Homens Pardos. Essas organizações costumavam pagar os músicos pelos serviços prestados. Era uma forma de a população escravocrata conseguir mudança social.

Fora o papel musical desempenhado nas irmandades, o pai tocava timbales na Cavalaria Auxiliar de Vila Rica. Os relatos históricos afirmam que ele foi convidado para dirigir dramas e óperas em comemoração aos festejos reais que aconteciam em Lisboa, mas que eram celebrados também, em Vila Rica.

Essa informação pode ser conferida na apostila do curso de História da Música Brasileira, do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Como foi a carreira do filho Marcos Coelho?

O filho Marcos Coelho Neto, também era um músico exímio que, além de compositor e regente, tocava trompa, clarim, trompete e trombone. Ele nasceu em 1763 e, assim como o pai, participava das irmandades de Nossa Senhora das Mercês e São José.

Embora muitas obras de sua autoria tenham se perdido ao longo dos séculos, algumas ficaram na memória. São os casos das obras “Maria Mater Gratiae”, “Salve Regina” e “Ladainha das Trompas”.

Há certa confusão na autoria desses cantos, pois não se sabe ao certo se as obras que foram autografadas eram, de fato, do pai ou do filho. O mais provável é que sejam mesmo, do filho, que integrou o Primeiro Regimento de Milícias, além de ter participado de cerimônias da Casa da Ópera e do Senado da Câmara.

Seja como for, o hino “Maria Mater Gratiae”, por exemplo, mostrava devoção e ternura, é uma das mais belas composições sacras e uma das principais obras que remetem ao período colonial.

Pai e filho trabalharam juntos por mais de 20 anos. O pai faleceu em 1806 e o filho em 1823.


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Vida e obra de Waldemar Henrique

Waldemar Henrique foi um compositor, pianista e maestro brasileiro nascido no ano de 1905 na cidade de Belém, no Pará. Considerado um dos maiores compositores líricos da região Norte do Brasil, Waldemar carrega uma extensa obra de música popular que é atravessada pelo folclore amazônico, pelas lendas indígenas e os ritmos do Nordeste.

Infância e início dos estudos musicais

Durante parte da infância, morou com seus pais no Porto, em Portugal. Em 1917, aos 12 anos de idade, retornou ao Brasil em 1917, e iniciou os estudos de piano e solfejo, técnica que consiste em cantar os intervalos musicais em suas respectivas frequências e escalas. Posteriormente, passou a aprender harmonia, violino, canto e composição, e a partir de então, começa a escrever suas primeiras canções.

Um de seus sucessos seria Minha Terra, música composta por ele em 1923 e regravada em 1946 na voz de Francisco Alves. Outra canção de destaque é Felicidade, composta em 1924, já revelando a inclinação de Waldemar para a música popular, a qual permeia toda sua obra. Nesse início de carreira, a pressão de seus pais faz com que ele trabalhasse em um banco, porém Waldemar decide abandoná-lo para aprofundar seus estudos musicais no conservatório Carlos Gomes, ainda em Belém.

Consolidação da carreira musical

É a partir do ano de 1933 que Waldemar, ao mudar-se para o Rio de Janeiro, concentra-se totalmente em sua carreira artística, conversando com obras como as de Noel Rosa, Silvio Caldas e Nássara. No Rio, dando continuidade em seus estudos de composição, regência e orquestração, o músico se destaca no contexto da época pela constante marca das lendas amazônicas em suas músicas, como a Foi Boto Sinhá!, a Cabocla Malvada e Tem Pena da Nega.

Com o sucesso de suas composições, Waldemar Henrique começa a percorrer vários cassinos, teatros e rádios do Rio. Depois, sai em excursão pelo Brasil acompanhado de sua irmã, Mara Costa Pereira, que era cantora. Foi nessa época que ele passou por São Paulo e conheceu Mário de Andrade, que gostou de suas músicas por retratarem temas brasileiros.

Dando seguimento em suas excursões musicais, Waldemar também se apresenta internacionalmente em concertos na Argentina e Uruguai, já na década de 1940. Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, por volta de 1949, ele viaja para a Europa enquanto funcionário comissionado do Itamaraty para divulgar a música popular brasileira, passando por países como Espanha, França e Portugal.

Em 1956, grava seu primeiro LP, no qual apresenta somente composições suas, cantadas pelo intérprete Jorge Fernandes. Dois anos após a gravação, Waldemar entra para a Academia de Música do Rio de Janeiro.

Ao retornar para sua terra natal, Belém, em 1960, o músico começa a trabalhar na área de cultura do governo estadual, como diretor do Departamento de Cultura da Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Pará. Também exerce a profissão de diretor do Teatro da Paz e do Conservatório Carlos Gomes, o mesmo em que ele estudou quando criança.

Foi em 1981 que Waldemar foi eleito para a Academia Brasileira de Música. Sua obra, que contabiliza cerca de 200 canções, tem grande importância para o cenário musical brasileiro, pois retrata o cruzamento entre diferentes dimensões de temas regionais, registros folclóricos e lendas populares, o que contribui para a valorização dos símbolos nacionais através da música.

Ele faleceu em 29 de março de 1995, aos 90 anos.


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Saiba quem foi Francisco Manoel da Silva

Vida e obra de Radamés Gnattali

Radamés Gnattali é um nome fundamental na música brasileira. Compositor, maestro, orquestrador e arranjador de formação clássica; influenciou profundamente a música popular brasileira com seus arranjos e concepções, através de sua onipresença na direção musical da Rádio Nacional — o maior divulgador musical do Brasil no começo do Século 20.

Suas composições, tanto nos campos eruditos, quanto populares foram cruciais para preencher a lacuna entre a elite intelectual e o povo — um objetivo que perseguiu durante toda a sua vida. No artigo a seguir, você vai conhecer mais sobre a vida de Radamés Gnattali e vai descobrir como a sua obra influenciou, e influencia até os dias atuais, o destino da música brasileira.

Boa leitura!

Os primeiros anos

Tanto o pai, quanto a mãe de Radamés Gnattali eram músicos, o que fez com que ele iniciasse seu aprendizado musical ainda aos seis anos com sua mãe. Essa educação musical precoce o levou a tocar violino cedo — que aprendeu com sua prima Olga Fossati. Aos nove anos, foi condecorado pelo cônsul italiano depois de conduzir uma orquestra infantil com seus próprios arranjos.

Aos 14 anos, já tocava cavaquinho e violão e iniciava seus estudos com Guilherme Fontainha. Aos 16 anos, trabalhava no Cine Colombo, acompanhando filmes mudos. Seu desejo era ser um pianista de concerto, mas seus pais não tinham meios para prover seu treinamento e ele precisou dar aulas particulares em seu tempo livre.

Mas o desejo de aprender e desenvolver seu talento musical eram imensos. Em 1923, terminou seus estudos com honras e decidiu ir para o Rio. Lá, grandes artistas e maestros como Ernesto Nazareth e Mario de Andrade viram o talento de Radamés Gnattali e o convidaram a fazer apresentações, que fizeram com que seu nome ficasse conhecido no cenário musical.

Grandes apresentações e composições premiadas

Em 1929, o mestre Guilherme Fontainha convidou Radamés para se apresentar no maior panteão da música clássica do Rio de Janeiro, o Teatro Municipal, onde teve o apoio da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, conduzida por Francisco Braga. Nesse período, ele já tinha um grande número de composições, eruditas e populares.

Em 1932, tornou-se arranjador de sessões e pianista na Rádio Clube do Brasil, estreando com seus choros “Espritado” e “Urbano”, sob o pseudônimo Vero (adotado em todas as suas peças populares). Como pianista, acompanhou Bidu Sayão em 1934, no mesmo ano em que seu “Concerto No. 1 para Piano e Orquestra” foi dirigido por Henrique Spedini, tendo o próprio Gnattali como solista.

Naquela década, ele também trabalhou para Rádios Mayrink Veiga, Gazeta, Cajuti e Transmissora. Orlando Silva, precursor do jeito coloquial de cantar — mais tarde reutilizado por João Gilberto, o primeiro a gravar música brasileira com uma orquestra sinfônica — pediu a Gnattali que escrevesse os arranjos para ele. A associação produziu suas obras mais vendidas.

Em 1938, apresentou outras composições eruditas na Escola Nacional de Música e no ano seguinte foi convidado para a Feira Mundial de Nova York, juntamente com os populares compositores Pixinguinha, Donga e João da Baiana e os eruditos Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri.

Também em 1939, Ary Barroso apresentou seu espetáculo Joujoux et Balangandans no Teatro Municipal, com as orquestras da Rádio Mayrink Veiga e da Rádio Nacional, conduzidas por Gnattali. O imensamente bem-sucedido hino não-oficial “Aquarela do Brasil” foi modificado por Gnattali, que colocou em cinco segundos cinco saxes tocando o tema do contador, originando a introdução clássica de todos os tempos.

Últimos trabalhos

Gnattali continuou nas paradas de sucesso e nos teatros por mais 40 anos. Em 1968, o músico foi contratado pela Rede Globo, onde trabalhou como compositor / orquestrador, por 11 anos. Também compôs as trilhas sonoras de vários filmes, entre eles Bonitinha, Mas Ordinária; Eles Não Usam Black-Tie, o Perdoa-me por me Traíres e outros.

Em 1983, recebeu o Prêmio Shell como artista erudito em uma cerimônia no Teatro Municipal, ocasião em que apresentou seu “Concerto Seresteiro No. 3” para piano, orquestra e “regional” (Camerata Carioca). Ele continuou sua carreira extremamente ativa até que teve um derrame cerebral um ano antes de sua morte, em 1988.


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Afinal, o que é arranjo musical?